07/05/2015

É difícil amamentar? Meu relato pessoal sobre a amamentação

Difícil? Muito! Dói, cansa, dói mais e quando você acha que doeu o suficiente percebe que ainda pode doer ainda mais. Não, eu não quero te desestimular a amamentar, Theo tem 1 mês e 11 dias de vida e eu continuo amamentando, mas não posso negar que o começo foi bem complicado.

Muitos falam sobre preparar o bico durante gravidez, pegar sol nos mamilos seria a principal orientação, mas fazer top less na varanda do apartamento dando bom dia para os vizinhos da frente não era uma opção. Também fui avisada para passar uma toalha ou bucha nos mamilos para deixá-los menos sensíveis, mas li que essa prática é controversa, alguns médicos indicam hidratar os mamilos com a mesma pomada para rachaduras pelo menos no último mês de gravidez. Eu usei a pomada mas sem uma frequência tão regular a partir do nono mês. Isso era tudo o que eu sabia sobre amamentação, confesso que não busquei muita informação sobre o assunto.

Theo nasceu às 21:50h e mamou pela primeira vez por volta das 2 da madrugada. A enfermeira era incrível, super paciente, delicada e atenciosa. Como o parto foi cesárea, eu não podia sentar para amamentar, teve que ser deitada mesmo, mas não foi problema porque a enfermeira nos ajudou muito. Eu fiquei meio de lado na cama e ela colocou Theo pertinho de mim, fez massagem no meu seio direito, colocou a boquinha dele no meu peito e ficou estimulando que ele pegasse da forma correta. Ficou tentando por uns 30 minutos, ela explicou que paciência era importante. E ele conseguiu, mamou por uns 15 minutos. Foi bem tranquilo, sem dor, nesse momento eu tive certeza de que as pessoas exageravam quando diziam que amamentar doía!

Eu não sabia, mas as enfermeiras dão complemento de leite artificial sem falar com as mães com o intuito de evitar uma queda glicêmica. Quando o pediatra que acompanhou o parto soube, pediu que só fosse dado em caso de real necessidade e não queria que fosse usada a mamadeira, pediu que dessem em um copinho. É claro que as enfermeiras não gostaram e uma delas me disse que esse não era o procedimento do hospital e que se ele não mamasse o suficiente talvez precisasse de UTI. É claro que ela me assustou, contei para o pediatra no dia da alta e ele disse que ele não corria nenhum risco. Depois do comentário nada delicado daquela enfermeira Theo mamou por 40 minutos e refizeram o teste glicêmico e já estava normal. Fiquei aliviada, ele não precisaria de complemento nem de UTI! Depois disso continuou mamando direitinho no hospital.

Theo nasceu na quinta a noite e fomos para casa no sábado depois do almoço. A primeira noite sozinhos foi tranquila, mas Theo pedia para mamar com mais frequência e mamava menos, por volta de 20 minutos. Isso me deixou preocupada, será que o leite estava diminuindo? Será que ele continuava com fome e haveria risco da glicemia cair? Fiquei tensa e liguei para o pediatra na manhã seguinte e ele me tranquilizou, era normal. Ele pediu que eu não cronometrasse as mamadas, que simplesmente desse quando ele estivesse com fome e pelo tempo que ele desejasse.

A essa altura sentia uma grande ardência no mamilo e o lado direito ficou sobrecarregado porque era o único lado que Theo mamava. Quando oferecia o esquerdo, ele lambia, mas nada de sugar e chorava logo. Continuei oferecendo e ele começou a aceitar, mas o direito era o preferido. Os mamilos ardiam bastante, após cada mamada eu usava a pomada Lansinoh. Essa ardência foi piorando conforme as mamadas eram mais frequentes e começou a doer bastante, principalmente logo que ele iniciava a pegada no peito. A dor era forte, eu suava e os pés ficavam gelados, mas era assim principalmente no início e melhorava conforme ele continuava sugando.

Meu leite desceu na terça, no 5º dia depois do parto. Acordei com os seios imensos, quentes e com pinguinhos de leite. Esse foi um dia muito bom, estava me sentindo cheia de energia e disposição. Li que esse bem-estar é relacionado ao hormônio responsável pela produção do leite. Fiquei satisfeita em perceber que eu tinha leite e parecia bastante. No 6º dia fomos a primeira consulta com o pediatra e ele constatou que estava tudo bem e que só o leite era suficiente para sustentar o Theo, pois ele já estava engordando.

Na madrugada desse mesmo dia, Theo mamou bastante, até porque estava tendo crises de cólica e a única coisa que o acalmava era o peito. Então, ele mamou muitas vezes, mesmo que por pouco tempo. Com isso, os mamilos que já estavam doloridos, começaram a doer demais e a primeira pegada do bebê que doía bastante estava quase insuportável. A crise de cólica começou a meia-noite e durou até às 6 da manhã. Theo chorava desesperadamente no colo do meu marido por volta das 5:30 h e ele sugeriu que eu desse o peito novamente (já tinha dado umas 5 vezes desde a meia-noite), eu não queria mais, só de pensar em sentir aquela dor de novo já me arrepiava inteira. Mas ver seu bebê chorando e saber que só você consegue acalmá-lo, mesmo que isso lhe cause muito sofrimento, seria impossível negar. Aos prantos, eu amamentei meu filho de mãos dadas com meu marido. Depois disso ele dormiu.

Os mamilos estavam rosa, com pontinhos vermelhos, mas ainda bem que não chegaram a sangrar ou rachar. Eu só pensava que em pouco tempo eu teria que dar mama de novo e esse sofrimento se repetiria. Deu vontade de desistir, comprar uma lata de leite e usar a mamadeira. Se naquela madrugada eu tivesse uma lata de leite em casa, com certeza teria dado. Durante as mamadas eu ficava lendo relatos de mães no ipad e isso me fazia sentir mais normal, via que muitas passaram por isso. Em um dos textos que li, alguém disse que as conchas de amamentação ajudaram a melhorar as dores mais rápido e no mesmo dia meu marido comprou um par como esse da foto:



Posso dizer que minha experiência com a amamentação se divide entre o antes e depois do uso dessas conchas e isso não é uma propaganda! O anel de silicone marcava o bico e Theo pegava mais facilmente porque o mamilo ficava maior. A concha deixava a área protegida, sem atrito com o sutiã e a pomada fazia efeito mais rápido. Se não fosse por essas conchas não sei se ainda estaria amamentando! As conchas também são uteis para coletar o leite que vaza, enquanto você amamenta no seio direito, por exemplo, vai vazar leite no seio esquerdo e vice-versa. A quantidade do meu leite que vazava era grande e a concha foi essencial. Também comprei uma bombinha extratora de leite porque quando o seio ficava muito cheio, Theo tinha dificuldade para iniciar a pegada, então eu tirava um pouco do leite antes de amamentá-lo.

Com os mamilos se recuperando mais rápido, começou a doer menos e no final da primeira semana só doía logo que Theo iniciava a pegada, mas depois não doía nada. E assim foi melhorando cada vez mais, no fim da segunda semana já não era um sofrimento dar de mamar para meu filho. Parei de usar as conchas na terceira semana, quando já não sentia dor e a produção de leite já estava mais estabilizada, não vazava quase nada. 

A primeira semana foi MUITO sofrida, ela parece eterna, mas passou e hoje, pouco mais de 1 mês depois do parto, amamentar é normal e não dói! Se você está sofrendo agora para amamentar seu filho, acho que o principal que você precisa ouvir é que vai durar pouco. O que é 1 semana de dor comparada ao tempo que você vai amamentar? Além disso, eu também te diria para comprar as mesmas conchas que eu comprei, para mim foram quase um milagre. 






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